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Capital catarinense já registra 10 casos de sarampo

Vacina contra o sarampo — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 19/08/2019
No final de julho a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis divulgou um boletim epidemiológico alertando para dois casos de sarampo confirmados naquele mês. Em pouco mais de 3 semanas, 8 novos casos do sarampo já foram confirmados na capital catarinense. Destes, 4 foram contraídos dentro de Florianópolis, comprovando que o vírus é rápido e que já circula por aqui. 
 
Os primeiros sintomas do sarampo podem aparecer de 1 a 3 semanas após o contato com o vírus. Dessa forma, uma pessoa com sarampo pode transmitir a doença antes mesmo de saber, ou sentir, que está doente, já que a contaminação começa 6 dias antes do indivíduo apresentar manchas na pele e segue até 4 ou 5 dias após esse sintoma. Para se ter uma ideia real da velocidade com que o vírus do sarampo se espalha, especialistas em infectologia afirmam que podemos pensar que um indivíduo com sarampo tem o poder de contaminação 4 vezes superior ao de um indivíduo com o vírus da gripe; contaminando, assim, cerca de 20 pessoas ao seu redor. Unido a esse extremo poder de contaminação o fato do indivíduo já estar transmitindo o vírus antes mesmo que se sinta doente, temos o que vemos hoje: o rápido avanço da doença, que há anos julgávamos erradicada do país. 
 
-Você já imaginou como pode ser rápido para esse vírus se espalhar em ambientes aglomerados como festas, shows, transporte público, voos e tantos outros locais que fazem parte do nosso dia a dia? Por esse motivo a imunização é a única forma eficaz para barrar o vírus e evitar um surto por aqui também, afirma Ana Cristina Vidor, especialista em epidemiologia, médica e gerente de Vigilância Epidemiológica de Florianópolis.
 
Recentemente, a Vigilância em Saúde da capital pediu a ajuda da população para localizar passageiros de um voo oriundo de Guarulhos, que desembarcou em Florianópolis trazendo um passageiro que já estava com o vírus do sarampo, mas ainda não apresentava os sintomas da doença. “Nestes casos é fundamental que tenhamos acesso a todos os demais passageiros para realizarmos as medidas de bloqueio do vírus o quanto antes”, explica a especialista. 
 
 
Primeiros casos de transmissão dentro de Florianópolis
 
Até a última sexta-feira (16), Florianópolis ainda não havia confirmado nenhum caso contraído dentro da cidade. Mas agora o cenário já é diferente: 
 
-Hoje temos 6 casos confirmados importados confirmados na capital catarinense, e 4 secundários – significa que contraíram em Florianópolis, a partir do contato com casos importados, explica Ana Cristina Vidor.  
 
“As vacinas contra o sarampo, assim como a da febre amarela, doença que já se aproxima e devemos nos preocupar com medidas preventivas, estão disponíveis para a imunização da população em todas as nossas salas de vacinação, localizadas nos centros de saúde municipais. É extremamente importante que a população verifique sua carteirinha de vacinação e compareça ao Centro de Saúde, que lhe for mais conveniente, para evitar que a doença se espalhe na nossa cidade”, reforça Carlos Alberto Justo da Silva, Secretário de Saúde de Florianópolis.
 
Fake news e o verdadeiro inimigo
 
Especialistas da Vigilância Epidemiológica de Florianópolis alertam para os perigos das fake news contendo informações falsas sobre a vacina e amplamente compartilhadas pelas redes sociais. 
 
- Esse tipo de compartilhamento irresponsável gera receios em uma parcela da população e reforça ideias equivocadas, sem nenhum embasamento real. A vacina do sarampo, bem como todas as vacinas que fazem parte do calendário mundial de vacinação, é aliada à saúde da população e apresenta-se como a única forma realmente eficaz para conter o avanço de doenças altamente perigosas como sarampo, febre amarela, entre outras, reforça Ana Vidor. 
 
Para a médica epidemiologista, além de negligência e irresponsabilidade social, difundir fake news, recusar a vacina ou não vacinar seus filhos é um grande perigo não apenas para a pessoa que faz isso, ou para a própria família, mas também para toda a comunidade, pois coloca em risco a saúde de todos que convivem de forma direta e indireta com esse indivíduo. 
 
Quem deve se vacinar?
 
Todo mundo que nunca tomou a vacina e todos aqueles que não têm certeza se já tomaram deve procurar um posto de saúde municipal e receber a vacina de forma gratuita. 
Pelo Calendário Nacional de Vacinação, a tríplice viral, que ainda protege contra caxumba e rubéola, deve ser administrada aos 12 meses de vida, e a tetra viral - acrescenta varicela (catapora) à lista de doenças combatidas - aos 15 meses. 
 
Pessoas de 10 a 29 anos, que não tomaram a vacina quando crianças precisam receber duas doses da tríplice viral. Muitos jovens dessa faixa etária nasceram em uma época em que a segunda dose não fazia parte do Calendário Nacional de Vacinação. Assim, é importante verificar a carteirinha de vacinação e, na dúvida, receber a segunda dose da vacina ou as 2 doses. 
 
Na faixa etária de 30 a 49 anos, a dose é única. 
 
Quem não deve tomar a vacina?
 
Pessoas com alergia grave ao ovo, pacientes em tratamento com quimioterapia, gestantes, portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas, quem faz uso de corticoide em doses altas, transplantados de medula óssea e bebês com menos de seis meses de idade.
 
Da Redação