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Vamos falar da Alsácia?

(Foto Divulgação)

Publicado em 04/09/2017

Há muito tempo, desde que comecei a curtir cada vez mais vinhos brancos, tenho uma queda pelos vinhos da Alsácia. Nenhuma região da França produz tantas uvas brancas tão diferentes entre si de uma maneira tão legal. Dentre todas as principais regiões vinícolas francesas que visitei faltava justamente aquele cantinho de terra depois das montanhas de Vosges na fronteira com a Alemanha, aliás, a Alsácia já foi alemã por algumas vezes nesses conturbados tempos de guerra, por isso é tão comum na região os nomes, o estilo de arquitetura e a culinária com grande influência germânica.

A região é especializada em receber turistas e as dezenas de pequenas vilas com séculos de história, que remontam ao período Romano, ficam cheias de visitantes neta que é uma das mais ensolaradas regiões da França. Aliás é por esse motivo que a Alsácia, um dos limites ao norte para a produção de vinho, consegue fazer tanta coisa diferente com alta qualidade, suas encostas ensolaradas e os solos mais antigos e com a maior diversidade geológica de toda a França, variando de calcário, vulcânico, granítico, argiloso entre outros, formam um mosaico de terroirs perfeitos para uma grande variedade de uvas.

As clássicas uvas Alsacianas são: Sylvaner, que produz um vinho leve, fácil e que abastece a população local no seu dia a dia; a Pinot Blanc, que faz um branco mais macio; a Muscat que aqui produz um vinho seco e perfumado; a clássica Gewurztraminer que é perfeita para o lugar, produzindo vinhos exóticos, intensos, dos secos aos doces; a Pinot Gris, mais intensa e opulenta; Riesling, com notas cítricas e minerais, grande acidez e um ótimo potencial de guarda nos melhores produtores e a tinta Pinot Noir, precisa, delicada e perfumada. Por essa enorme variedade de uvas é tradição encontrar o varietal num rótulo Alsaciano.

A região possui as Apelações de Origem Regional Alsácia, Crémant d’Alsace, que produz um espumante muito vendido em toda a França e 51 Grand Crus classificados entre as vilas locais, em breve a região deve oficializar a introdução da denominação Premiére Cru, para alguns vinhedos de excelente qualidade não classificados.

Uma das especialidades da região é a produção de vinhos doces através de métodos que variam entre a colheita tardia, denominado Vendange Tardive e o método Seléction de Grains Nobles, em que as uvas são atacadas por um fungo chamado Botrytis Cinerea, ou podridão nobre, que causa o apassimento e concentração de açúcar, mas com o mantimento da acidez natural das uvas. Este fenômeno cria vinhos incríveis, complexos e com um potencial de guarda impressionante. Tive o prazer de realizar uma degustação na Hugel, história vinícola familiar com sede na vila de Riquewihr desde 1639 e provar um Gewurztraminer S.G.N. de 1979 ainda com muito tempo pela frente.

Sem dúvidas a região produz vinhos especiais e é uma das mais bonitas e preparadas para o turismo do mundo.


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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