Como os cães enfrentam mudanças?
Sinais invisíveis de tranquilidade e o papel do tutor na adaptação emocional dos pets
Como os cães lidam com o inesperado? Barulhos intensos, viagens, a presença de outros animais ou até a ausência do tutor podem desencadear reações que variam do medo ao estresse. Compreender esses sinais é o primeiro passo para ajudá-los a enfrentar transformações e promover o bem-estar emocional no dia a dia.
“Essas respostas refletem a forma como os cães percebem o mundo. Dependentes de estímulos olfativos, auditivos e visuais para interpretar o ambiente, eles necessitam de previsibilidade para se sentirem seguros”, explica a médica-veterinária Marina Tiba.
Quando essa previsibilidade se rompe – por exemplo, em uma mudança de casa, chegada de novas pessoas ou na ausência prolongada do tutor – o cão perde suas referências de segurança. Isso desencadeia alterações fisiológicas e comportamentais: há aumento na liberação de cortisol (o hormônio do estresse), o sono e o apetite podem ser afetados, e a atenção se volta a possíveis “ameaças” do entorno. Aos olhos do tutor, essas reações se manifestam em agitação, vocalização excessiva, comportamentos destrutivos, perda de apetite ou isolamento.
A intensidade dessas respostas depende de fatores como idade, histórico de socialização, experiências anteriores e até predisposição genética. “Cães mais sensíveis ou pouco habituados a mudanças tendem a reagir de forma mais intensa, e o processo de recuperação pode ser mais lento. A adaptação, portanto, não deve ser encarada apenas como uma transição física, mas também emocional – exigindo paciência, constância e estímulos positivos”, complementa a profissional.
O poder dos feromônios: ciência a favor do bem-estar emocional
Nas últimas décadas, os avanços em comportamento animal permitiram compreender melhor as respostas emocionais dos cães e desenvolver ferramentas que auxiliam o manejo do estresse. Entre elas, destacam-se os feromônios sintéticos do odor materno canino – substâncias capazes de transmitir uma mensagem invisível, mas poderosa, de conforto e tranquilidade.
“Quando expostos a esses feromônios, os cães reconhecem um odor familiar, associado à sensação de segurança vivenciada junto à mãe nos primeiros dias de vida. Essa lembrança olfativa ajuda a reduzir o impacto de situações desafiadoras e favorece uma adaptação mais equilibrada”, completa Marina.
Esses compostos são aliados em diferentes contextos do cotidiano, especialmente em momentos que geram insegurança ou ansiedade: mudanças de ambiente, medos, ruídos intensos, viagens e transporte, visitas ao médico-veterinário, adaptação com outros cães ou pessoas e até períodos de separação do tutor.
Atualmente, os feromônios sintéticos estão disponíveis para cães em diferentes formatos – difusores, sprays e coleiras –, permitindo ao tutor escolher a opção mais adequada à rotina e às necessidades do seu cão.
Adaptação na prática: dicas para o dia a dia
Além da feromonioterapia, algumas atitudes simples podem fazer diferença no bem-estar emocional do pet:
Mudança de casa: mantenha objetos familiares, como cama e brinquedos, em um ambiente tranquilo. Permita que o cão explore o novo espaço aos poucos, sempre com reforços positivos.
Ruídos altos (fogos e tempestades): feche portas e cortinas, escolha um “porto seguro” onde o cão se sinta protegido – preferencialmente um ambiente ao qual ele já tenha sido exposto a sons semelhantes, de forma leve e controlada. Ligue uma música ou som suaves e familiares ao pet e ofereça brinquedos interativos para desviar o foco dos ruídos externos, além de petiscos de alto valor, que contribuam para criar uma associação positiva com o momento.
Viagens e consultas veterinárias: leve cobertores ou brinquedos com o cheiro do cão para transmitir segurança. Em trajetos longos, faça pausas para reduzir o estresse.
Ambientes com mais de um cão: garanta que cada animal tenha seu próprio espaço e recursos (comedouro, bebedouro, brinquedos) para evitar disputas.
Ansiedade de separação: pratique ausências curtas e gradativas, associe sua saída a recompensas e utilize brinquedos recheáveis para entreter o pet enquanto estiver sozinho. Diminua o contato alguns minutos antes de sair e evite fazer festa ao retornar, para que o momento de separação e reencontro seja percebido de forma mais natural e tranquila.
Os cães não falam nossa língua, mas comunicam muito através de seus comportamentos. Criar um ambiente previsível e seguro é um gesto de cuidado – e, em um mundo cheio de estímulos e mudanças, pode ser o que transforma a rotina do pet em uma experiência mais tranquila e equilibrada.
Para garantir que o manejo seja sempre o mais adequado, é recomendado contar com o apoio de profissionais especializados em comportamento animal, que podem orientar o tutor de forma personalizada, associando técnicas comportamentais e as ferramentas disponíveis atualmente para promover o bem-estar emocional do cão.
Da redação
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