Amar e Ser Amado - Nossas Águas, por Denise Evangelista
Assim como as águas que fluem, também o amor e a vida precisam de movimento para existir

Vida, saúde e amor são palavras que podemos trocar de lugar, embaralhar, misturar perfeitamente, porque embora se refiram a coisas diferentes, são feitas, me parece, da mesma substância fundamental.
Como as águas que fluem de cima para baixo, da montanha para os rios, do céu para a terra, dos rios até o mar, assim é a vida, no seu fluxo natural quando amamos e quando somos amados. Dito de outra forma: assim é o amor, no seu fluxo natural, sempre que encontra formas para existir. O amor, ou a vida, são a própria alegria em movimento — tudo o que nos faz desejar e realizar com saúde e vitalidade. São como cachoeiras de águas cristalinas que fluem com força até chegarem ao mar.
Ao contrário, sempre que, por diferentes motivos, nos vemos impedidos de amar, a alegria desaparece, a vida definha, perdemos a vitalidade e não raro, adoecemos. São assim os períodos de luto, as separações, os desentendimentos, as dificuldades que impedem a criatividade de se realizar. Também é assim quando somos agredidos por quem deveria cuidar de nós, quando alguém que poderia nos proteger nos abandona ou nos expõe. Da mesma forma quando enfrentamos conflitos internos, ainda não suficientemente decifrados e precisamos entender o que está acontecendo conosco e em tantas outras situações que nos fazem perder a curiosidade, o desejo pela vida, a alegria e a paz.
Para que não morram, essas águas precisam encontrar caminhos alternativos. Encontrar um novo amor, continuar amando mesmo o ausente, transformar a dor em arte, encontrar soluções como, por exemplo, transformar a raiva, o ressentimento ou o ódio em compaixão. Há, entre os mecanismos de defesa, um que trabalha a nosso favor de uma maneira mais construtiva: o da sublimação. Quando ele entra em cena transformamos nossas dores, através das nossas ações, em nosso próprio benefício e em benefício da comunidade.
Penso que o mais comum é sermos a melhor versão de nós mesmos, dentro das condições gerais da existência de cada um. Quando chegamos perto de alguém, quando conhecemos as histórias contadas em primeira pessoa, compreendemos melhor porque cada um é como é. Nossos preconceitos e julgamentos vão dando lugar ao entendimento. Daí a importância da disponibilidade de ouvir abertamente o outro, sem julgamentos ou pré-conclusões, para que possa haver um diálogo profundo e verdadeiro; assim como é importante esse mergulho em nós mesmos para que possamos entender e processar estados emocionais que nos desafiam.
Quando perdemos alguém, entramos num processo de luto e é como se precisássemos fazer as águas subirem as montanhas, tamanho é o esforço para continuar. Não é muito diferente quando temos que aprender a amar a nós mesmos e a própria vida, depois de vivermos sucessivos traumas. E quando nos desentendemos com as pessoas, especialmente com as pessoas que fazem parte do nosso rol de pessoas importantes, nossas águas entram em tumultuadas pororocas, gerando conflitos dentro de nós mesmos.
Nascemos para amar e para sermos amados, mas a vida nos desafia tantas vezes! Entretanto, como é da natureza do amor e da própria vida , nossas águas precisam encontrar caminhos possíveis. Em algumas situações nos forçam a olhar para nós mesmos, exigindo que cuidemos de nós, através de sintomas ou de doenças físicas ou emocionais. Uma dor, uma ansiedade, uma tristeza profunda que nos tira a perspectiva, diferentes tipos de compulsões, são sinais de que “as chuvas” perderam o seu rumo, que há alguma coisa que nos ajudaria, se olhássemos o que está acontecendo. Buscar ajuda, novas experiências, resgatar talentos pode auxiliar muito nos processos de cura, restaurando o fluxo natural das nossas “águas”.
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Sobre o autor

Denise Evangelista Vieira
Psicóloga formada pela UFSC e em Artes Cênicas pela Udesc. Escreve sobre o universo humano. Quem somos e em quem podemos nos tornar? CRP 12/05019.
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