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O castelo invisível dentro de você, por Denise Evangelista
Como enfrentar e entender emoções difíceis para fortalecer a base do seu eu interior

Nos calabouços do castelo emocional repousam memórias e sentimentos que muitas vezes evitamos. Reconhecê-los não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem. (Foto: Canva)

Publicado em 08/06/2025

Gosto de pensar que somos como castelos. Construções erguidas sobre alicerces tão profundos que se confundem com as entranhas da terra, com as raízes, o lugar, o tempo e a história.

Temos torres apontadas para o alto, em direção ao céu, como se estivéssemos destinados a crescer, a olhar para cima, a descobrir os mistérios que nos rodeiam, a ultrapassar limites, a ver longe…

Temos tantos cômodos que não chegamos a conhecer todos, e eles ficam lá à espera de uma visita, um olhar. Nos recolhemos nos nossos aposentos para descansar, pensar, sentir. Vamos aos salões de baile para encontrar com outras pessoas e dançar com elas a música que a orquestra do dia nos proporcionar.

Damos atenção ao nosso corpo físico, cuidando para nos mantermos inteiros. Esse corpo que nada seria se não estivéssemos lá.  Então tentamos nos habitar, atravessar estações, percorrendo corredores e labirintos… Nas profundezas do nosso castelo estão os calabouços empenhados em guardar emoções, geralmente desagradáveis ou difíceis. Também está lá o arsenal de memórias, da forma como o arranjamos — objetos esquecidos, histórias que não podemos fazer viver de novo. De vez em quando somos surpreendidos por sentimentos, sensações ou emoções caminhando livremente pelos mais diversos cômodos, sem convite e a despeito das muitas trancas e fechaduras.  Começamos a sentir suas presenças. Perguntamo-nos: de onde vieram? Não estavam acomodados e tranquilos nas partes mais profundas de nós mesmos? O que querem? Para que vieram?  E então de uma forma ou de outra nos vemos obrigados  a admiti-los, a fitá-los, a sentí-los sem subterfúgios, a descobrir significados. Damo-nos conta de que as emoções, sensações e sentimentos são como os antigos ninjas , como descreveu o historiador militar Hanawa Hokinoichi:“... viajam disfarçados para outros territórios, para avaliar a situação do inimigo (...) invadir castelos para incendiá-los…”. Começamos a sentir uma temperatura incômoda. Afinal, são as emoções nossas inimigas? Ou aparecem para nos mostrar coisas que preferimos não ver? Quando conseguimos perceber suas presenças e aceitá-las,  e nos dispomos a compreendê-las, vemos que  elas não são alguma coisa diferente de nós mesmos, não são inimigos disfarçados; só nos pedem atenção, que olhemos para elas, que descubramos o que afinal querem nos dizer. Dessa forma, não arrumarão subterfúgios, para se fazerem, de qualquer modo, presentes. 

 

 

 

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Sobre o autor

Denise Evangelista Vieira

Psicóloga formada pela UFSC e em Artes Cênicas pela Udesc. Escreve sobre o universo humano. Quem somos e em quem podemos nos tornar? CRP 12/05019.


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