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Museu da Escola Catarinense – uma lição de Cidadania, por Fernando Teixeira
Confira o legado educacional e cultural da transformação do antigo edifício em museu

A arquitetura eclética, de inspiração neoclássica, sobressai na paisagem por sua monumentalidade. (Foto: Fernando Teixeira) ***CLIQUE PARA AMPLIAR.

Publicado em 19/04/2024

Ao percorrermos as estreitas ruas da porção central de Florianópolis, não é difícil nos depararmos com importantes monumentos arquitetônicos que ajudam a compreender a história e a identidade desse lugar. A criação do Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural, em 1979, e o trabalho criterioso, desenvolvido por profissionais que atuam na formulação de políticas públicas ligadas a essa área, foram elementos decisivos para o estabelecimento de uma visão preservacionista, não obstante pressões exercidas por segmentos do setor imobiliário, contrários a encaminhamentos tomados nessa direção.

Mesmo diante de constantes intervenções ocorridas no tecido urbano de nossa capital, sob o pretexto da necessidade iminente de sua modernização, várias edificações, cujas características e funções guardam heranças deixadas por gerações passadas, foram mantidas ou preservadas e compõem, em parceria com elementos da “modernidade”, um cenário onde é possível se visualizar um roteiro mais harmônico entre diferentes momentos de nossa trajetória como cidade. Entre essas edificações está o prédio que abrigou a antiga Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina. Construído especialmente para sediar a Escola Normal Catarinense, o edifício foi inaugurado no primeiro quarto do século XX, fazendo parte de um plano urbanístico mais amplo, que visava sobretudo modernizar a capital do Estado. 

 

Lindo interior do museu, com amplo pátio interno e salas perfiladas em seus dois andares. (Foto: Fernando Teixeira).  


Nesse mesmo período, foi inaugurada a Ponte Hercílio Luz e ampliado o Mercado Público Municipal. O Palácio do Governo passou por remodelações, lâmpadas abastecidas por energia elétrica foram instaladas nas ruas centrais da cidade, realizadas obras de canalização do Rio da Bulha, que deu origem à atual Avenida Hercílio Luz, e construído o Instituto Politécnico de Santa Catarina. 

Pouco tempo depois, devido a modificações ocorridas no sistema de ensino, a antiga Escola Normal transformou-se em Colégio de Educação e, em 1947, no Colégio Dias Velho, dando origem ao Instituto Estadual, transferido na década de 1960 para as novas instalações localizadas à Avenida Mauro Ramos. 

 

Ambiente simula sala de aula dos anos dourados da educação pública. (Foto: Fernando Teixeira).

 

Em 1964 o prédio passou a abrigar a Faculdade de Educação, que ali permaneceu até 2007. Nesse mesmo ano o espaço passou a servir exclusivamente como a casa do Museu da Escola Catarinense, criado em 1992. A imponente edificação, localizada no alto de uma colina na Rua Saldanha Marinho, é um exemplo de arquitetura eclética, de inspiração neoclássica, que se sobressai na paisagem por sua monumentalidade. Em seus dois pavimentos está perfilada uma sucessão de salas, usadas em momentos mais remotos para aulas e espaços de coordenação. 

Em 2013, uma edição da “Mostra Casa Nova” foi realizada nas dependências do Museu, o que possibilitou a recuperação do espaço, deixando o ambiente ainda mais bonito e agradável para visitação. Aberto diariamente de segunda a sábado, possibilita aos visitantes conhecer e valorizar aspectos importantes da história da educação escolar catarinense. Em seus inúmeros recintos, móveis de época, cadernos, lousas, fotografias, bandeiras, livros, brinquedos, entre outros materiais, compõem um cenário que permite aos que o contemplam uma viagem no tempo, uma volta emocionada a um passado de doces e inesquecíveis lembranças. 

 

Amplo salão expõe livros, objetos, mobiliário, mapas e brinquedos usados em décadas passadas. (Foto: Fernando Teixeira).

 

Mas o MESC não é formado apenas de espaços e itens físicos. Órgão vinculado diretamente ao gabinete da Reitoria da UDESC, este também possui por objetivo contribuir com a pesquisa, com a extensão, com a publicação científica e com a produção artística dentro da universidade, possibilitando o compartilhamento e a divulgação dos trabalhos desenvolvidos nessas áreas. 

 

Exemplares de livros usados para alfabetização e leitura, estão expostos no museu. (Foto: Fernando Teixeira).

 

Com um olhar voltado às demandas da cidade e reforçando o papel integrador da Universidade, as recentes administrações do museu tornaram possível que este se transformasse num espaço agregador e fomentador das artes e de políticas públicas, acolhendo em seu interior, além de exposições artísticas, grupos e movimentos que discutem questões importantes para a sociedade como um todo. 

Na perspectiva de acolher os diversos movimentos, o MESC tornou-se ainda mais vivo, transformando sua permanência em fator preponderante para o desenvolvimento sociocultural do estado de Santa Catarina. Vale, e muito, conhecê-lo!

 


Ambiente resgata mesa da professora, emoldurada por mapas e fotos de recordação escolar – Foto Fernando Teixeira

 

 

 

Texto e fotos por Fernando Teixeira

Fontes de pesquisa:

Entrevista realizada com a Profa. Dra. Sandra Makowieck – Coordenadora do Museu até Abril de 2024. 

Museu da Escola Catarinense – MESC de bolso – Editora da UDESC.

Museu da Escola Catarinense – por um legado de transmissão e herança – Editora da UDESC.

Endereço do Museu: Rua Saldanha Marinho, 196 – CEP: 88010-450 - Florianópolis - Centro. 

Endereços eletrônicos - www.museudaescola@udesc.br / instagram: museudaescola

Telefone: +55 48 3664-8110.

 

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Sobre o autor

Fernando Teixeira

Formado em Arquitetura e Urbanismo (UFSC), mestre em Geociências e Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), natural de Florianópolis. Atualmente tem se dedicado à fotografia.


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