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Análise das eleições, por Raul Sartori

Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução/Jovem Pan) **Clique para ampliar

Publicado em 05/10/2022

Perfis

   Quem conhece mais de perto os dois candidatos a governador no segundo turno em SC traça um perfil da personalidade, bem diferente, de Jorginho Mello e Décio Lima. O candidato do PL parece não falar no mesmo tom de voz quando se dirige a um interlocutor, conhecido ou não, e sim querer dar uma ordem. É um tanto bronco por natureza, embora tente, sempre, se afastar desta imagem. O candidato do PT é uma doçura de gente. Detesta qualquer briga e suas palavras preferidas, sempre ditas com certa doçura e sinceridade, são paz e amor. 
 

Pesquisas 1

  Como se escreveu aqui, os institutos de pesquisa sempre terão uma explicação para seus dados, por mais absurdos que sejam. Do visado Datafolha, por exemplo, especialmente em relação à pesquisa de sábado – dando 14% a mais de intenções de votos para Lula em relação a Bolsonaro - os analistas dizem que ele "pode ter influenciado antipetistas”.

 

Pesquisas 2

   O colunista Claúdio Humberto bate nas pesquisas. Escreveu: “Após errar mais que bêbado tentando enfiar chave no buraco da fechadura, o Ipec (ex-Ibope) registrou no TSE pesquisa para o 2º turno. Difícil agora será achar quem dê crédito aos seus números”. É verdade.

 

Gatilho

  Conhecidos os eleitos, começa a divulgação das “biografias” deles. Uma das primeiras que veio a público foi a de 23 deputados federais e senadores da bancada das armas, digamos assim. Na primeira, de apoiadores ou simpáticos ao Proarmas, maior grupo armamentista do país, estão a deputada federal eleita Julia Zanatta e o senador eleito Jorge Seif, ambos do PL de SC.

 

Ressaca

   Fenômeno que se vê dentro das casas, nas ruas e nos ambientes de trabalho: quase todos experimentam, desde domingo, uma espécie de ressaca devido à inédita intensidade da polarização eleitoral deste ano. Há em quase todos uma vontade inexprimível de que tudo isso acabe logo e que se possa começar a verdadeiramente trabalhar e produzir algo.

 

Virada?

   O noticiário político nacional especula, desde domingo à noite, em quais Estados há chances de virada no segundo turno. Três aparecem de cara: Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Roraima. Se depender daquelas análises, o senador Jorginho Mello (PL-SC) já pode pensar em comprar ou mandar fazer um terno novo para sua posse.

 

Família

  Dois candidatos à Câmara dos Deputados eleitos e com base eleitoral em Criciúma se elegeram: Julia Zanatta (PL) e Ricardo Guidi (PSD). O detalhe que os une é que são primos em primeiro grau e se dão muito bem. Tanto que comemoraram sua eleição juntos, no domingo. E juntos prometem trabalhar em prol da cidade e região que lhes deu o passaporte para o Congresso Nacional.

 

Agenda

   A exemplo do que fez sábado, véspera da eleição, quando, em Joinville, recebeu um decisivo impulso que ajudou muito a levá-lo ao segundo turno da eleição para governador, o staff do senador Jorginho Mello só pensa naquilo, ou seja, que o presidente venha pelo menos uma vez, de novo, para cá, até dia 30, para dar o que esperam ser o empurrão final.

 

Passo atrás

  Lê-se que o resultado das urnas no domingo – principalmente com e eleição de 19 senadores bolsonaristas ou próximos a isso – deve fazer o Supremo Tribunal Federal dar um passo atrás. Pudera. São tais senadores que podem, agora, desencadear processos de impeachment de “supremos”, desde sempre “intocáveis”.

 

Baixa renovação

   Contra 55% em 2018, caiu para 40% a renovação na Assembleia Legislativa de SC.  Dos 40 deputados vitoriosos no domingo, 24 já tinham passado pelas urnas há quatro anos.

 

O único

   Dois detalhes sobre a surpreendente eleição de Zé Trovão, do PL de SC, para deputado federal: foi votar “equipado” com tornozeleira eletrônica, domingo, e dentre 35 candidatos ao mesmo posto, em outros Estados, ele foi o único vencedor como representante dos motoristas de veículos pesados. Outro concorrente em SC, mas que ficou longe, foi Chicão, pelo PTB, com 2.951 votos.

 

 Ecos e ecos

  Por dias e semanas, o resultado das eleições de domingo em SC serão motivo de muitos comentários, conversas e ilações, principalmente pelos vários inesperados que ela trouxe nas urnas. Muitos mesmo, mas alguns em destaque, como a espetacular vitória de Jorge Seif para o Senado, destronando o favorito Raimundo Colombo; a derrocada da família Amin, com o sofrível desempenho do senador Esperidião Amin para governador, de sua esposa, Ângela, como deputada federal, e do herdeiro de ambos, João, como deputado estadual; o  fim de outra família na política estadual, com o insucesso eleitoral de Paulo Bornhausen para deputado federal. Não deixam de ser surpresas as performances do deputado  Décio Lima, do PT, que vai disputar o segundo turno com o senador Jorginho Mello, e do caminhoneiro joinvilense Zé Trovão, que vai assumir uma vaga na Câmara dos Deputados.
 

Estreia

   Marcos José de Abreu – Marquito - atualmente vereador em Florianópolis, fez 40.329 e garantiu uma cadeira na Assembleia Legislativa. É a primeira do Psol no Legislativo estadual. Defensor do meio ambiente, da agroecologia e dos direitos humanos, é referência internacional em compostagem e agricultura urbana. Trabalha por mobilidade sustentável, saneamento ecológico, direitos humanos e desenvolvimento da ciência.


O criador

   O senador Jorginho Mello (PL) obteve muitos votos silenciosos entre pequenas e microempresas como reconhecimento pelo projeto de sua autoria que derivou no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que até agora liberou R$ 26 bilhões em volume de crédito a empresas fortemente atingidas na pandemia.

 

Mudança

   A polarização política tende a permanecer por mais quatro semanas, pelo menos. A aziaga Miriam Leitão, observou “que Lula se movimenta em direção ao centro, enquanto Bolsonaro se isola em seu radicalismo”.

 

Agonia

   A agonia diária, diante de imensas filas, que toma conta dos usuários a BR 101 e seus entornos na região metropolitana de Florianópolis poderia piorar se não fosse um acordo, há dias, em um mutirão de audiências coordenado pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscon). A concessionária Autopista Litoral Sul, poderá retomar obras do mais que esperado Contorno Viário em áreas que finalmente foram desapropriadas.


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Ameaça

   Durante a pré-campanha e a campanha, Lula fez 11 menções à regulamentação da mídia, ou “controle social dos meios de comunicação”, como fizeram os ditadores Hugo Chavez e Nicolas Maduro na Venezuela. A liberdade de expressão será ameaçada? Veremos.

 

 

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Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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