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Ela é um show!
Produtora Eveline Orth trabalha com estrelas da música

Participação de Eveline na Coordenação Artística e Executiva dos Desfiles de Natal com a SB+. Na foto, com o gnomo Helton Luiz (Foto: Arquivo pessoal) **Clique para ampliar

Publicado em 01/02/2023

Produtora de grandes espetáculos, Eveline Orth conta ao Imagem da Ilha como tudo começou, a evolução do mercado artístico, a retomada e o que vem por aí em 2023.
 

Imagem da Ilha: Você nasceu no Rio de Janeiro e se mudou para Florianópolis no início dos anos 1990. Sua formação é de enfermeira psiquiátrica. Como aconteceu a transição para o mundo das artes e do show business?

Eveline Orth: A minha transição aconteceu dentro da minha atividade no trabalho de enfermagem, quando eu fiz uma especialização na Alemanha e fui trabalhar especificamente em psiquiatria e, dentro de uma das iniciativas em que eu trabalhei tinha um centro cultural. Lá eu acabei me envolvendo de uma maneira muito grande nas atividades de produção teatral e, em função disso, começou a minha migração de atividade profissional.

Quando eu retornei ao Brasil, após oito anos morando no exterior, fiz uma tentativa de atuar na área da saúde, mas foi impossível, até pela distância de abordagem daquilo que eu estava vivendo lá fora, na Alemanha, e do que estava sendo feito aqui. Eu já estava com o meu coração muito mais voltado à área de produção cultural. Acho que migrei pra essa área porque eu estudei em um colégio em que a atividade artística sempre foi muito importante na nossa formação.

Fizemos muitas coisas durante a adolescência, de produção de peças de teatro e musicais. Isso criou em mim, também por ter uma família que sempre gostou muito de música, sendo a parte de música clássica uma influência grande do meu avô, com as óperas e concertos, e, na parte da minha mãe, a MPB. Então isso tudo construiu a minha personalidade e fez que, quando eu chegasse a Florianópolis, eu migrasse definitivamente pra esse setor.

O que, afinal, faz uma produtora? Além de contactar os artistas e cuidar dos detalhes dos shows, o que mais faz mais parte da sua rotina de trabalho?

O trabalho de produção exige um conhecimento administrativo bem grande, conhecimento do mercado e de marketing e uma capacidade de fazer as várias bases de serviço interagirem e funcionarem. Tem desde a relação com as instituições públicas, quando se trabalha em espaço público, em espaços privados, com as casas e, dependendo do evento, existe uma série de liberações que precisam ser feitas. Isso exige um conhecimento técnico muito grande.

Eu comecei, por exemplo, fazendo estágio com os grandes empresários e produtores, tenho muitos amigos nessa área no Rio, em São Paulo, em Curitiba. Hoje já temos uma formação, que é mais teórica, que é a base de tudo. Pra você ser um bom produtor, você realmente precisa estudar como qualquer outro profissional pra você entender o que você faz. Entender, por exemplo, que Santa Catarina é um estado muito diverso, então precisamos entender que Joinville é uma cidade que absorve bem o rock e não absorve bem a MPB.


Eveline nos bastidores do show de Kleiton & Kledir e Grupo Expresso. (Foto: Luiza Filippo)

 

Nessas últimas décadas, o que mudou no público de Florianópolis? Ele se tornou mais exigente? Você acha que a cidade poderia atrair um número maior de espetáculos teatrais com artistas de renome?   

Ampliou o público de Florianópolis. A cidade é cosmopolita em sua ocupação. Pessoas do Brasil e do mundo vêm pra cá, diversificou muito, ampliou muito. A gente tem, na área do teatro, especificamente, muita dificuldade mesmo tendo um centro de formação na área de cênicas, em uma universidade estadual que é a Udesc.

Ainda requer um trabalho muito grande pra conseguir levar as pessoas ao teatro, mesmo quando vêm nomes consagrados pra cá. A música é mais fácil. A dança, assim como no teatro, é preciso fazer um trabalho de divulgação mais direcionado para as pessoas irem. Nos últimos anos, diminuiu muito o número de espetáculos de teatro.

A pandemia atingiu de cheio o setor de shows e eventos. Como foi enfrentar esse período? 2022 foi o ano da retomada...

A pandemia atingiu de cheio a nossa atividade, eu diria que atingiu o coração mesmo. Foram dois anos paralisados, enfraqueceu muito as empresas, muitas demissões, muita gente do setor migrou para outras atividades, principalmente dos serviços de segurança, empresas de carregadores, portaria, bilheteria, atendimento de camarim, reduziram as empresas de equipamentos de palco, som e luz.

Infelizmente, isso foi um fenômeno mundial, e 2022 foi uma loucura, porque tinham muitos eventos de 2020 represados e que já tinham uma bilheteria de 70% ou 80% vendida, e que, quando foram realizados em 2022, após dois anos, os custos estavam absurdos, principalmente no que diz respeito às passagens, hospedagens e, com o aumento nos preços do diesel e da gasolina, o custo com os translados também aumentou.

A parte de fornecimento de som e luz também. Impactou muito nos custos da produção. Então foi um ano de retomada, de muito trabalho, obviamente, toda a cadeia produtiva da área estava com um gás enorme e com muita vontade de trabalhar. Mas ainda vai demorar 5 anos - é uma avaliação que temos dentro da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) -, para que as empresas restabeleçam inteiramente no seu fluxo de caixa.


Com Maria Betânia, em show de 2017, e o grande parceiro de shows, Alessadro Queiroga (Foto:Arquivo pessoal)

 

Por causa do lado profissional, você acaba ficando amiga de alguns artistas. Cite alguns com os quais você nutre laços de amizade mais próxima.

Eu tive sempre o privilégio de construir relacionamentos em toda a cadeia de produção, desde amizade com técnicos, produtores, músicos e artistas. Com alguns deles acabei construindo uma relação de maior proximidade após tantos anos trabalhando juntos e convivendo.

Eu poderia citar o Zeca Baleiro, o Ney Matogrosso, e tantos outros, que, independente de estarem realizando shows, a gente se fala e se encontra. Neste caso, estamos tratando de duas pessoas muito diferenciadas como seres humanos, pessoas muito empáticas com tudo o que acontece no mundo e muito comprometidas socialmente com o que acontece principalmente no nosso país.

Você começou 2023 com um grande êxito: o show de Marisa Monte no Hard Rock Live Florianópolis atraiu mais de 5 mil pessoas! Como é trabalhar com essa musa da música brasileira?

O ano de 2023 vem com uma força muito grande, apesar de eu não acreditar que teremos o mesmo volume que em 2022, justamente por conta dos eventos represados, mas promete muita coisa. Iniciamos este ano com o show da Marisa, que foi um evento transferido do ano passado em função das chuvas. Foi um espetáculo extraordinário, uma artista excepcional, uma diva.


Com Ney Matogrosso, no
 Rock in Rio (
Foto:Arquivo pessoal)
 

Quais os planos para 2023? Pode antecipar algumas das atrações já contratadas?

No próximo dia 04 de fevereiro teremos o Festival de Rock, que estamos realizando em parceria com a Stage e mais um grande parceiro do Rio Grande do Sul, o Ivan Gil, onde estarão Nando e Pitty, em sua última turnê, CPM 22 e Paralamas. Será uma noite de rock na Ilha. Depois, começaremos a programação mais voltada para o teatro do CIC. Posso adiantar que este ano teremos Paulinho da Viola, comemorando os seus 50 anos de carreira, Zélia Duncan e Paulinho Moska, Ney Matogrosso, entre outras atrações.
 

Por Urbano Salles

 

 

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