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A síndrome pós-pandemia

Foto: Reprodução/Internet **Clique na imagem para ampliar

Publicado em 13/05/2022

Passados dois anos e dois meses do início da Covid-19 no Brasil, estamos vivendo dias melhores com relação à pandemia, graças à vacinação em massa da população. O coronavírus continua contaminando a população brasileira, mas não é mais um vírus selvagem atingindo uma população sem anticorpos.

Com praticamente toda a população brasileira vacinada, a grande maioria com duas ou três doses da vacina, o que temos visto na prática é um quadro de gripe leve nas pessoas contaminadas. Todos nós passamos por um período de terror, quando não se sabia se no dia seguinte poderíamos estar contaminados pelo vírus e morrer pela doença causada por ele. Uma doença nova, desconhecida pela medicina e sem um tratamento específico.

À medida que o número de pessoas contaminadas foi aumentando, começamos a sentir muito perto de nós os efeitos devastadores da doença. Fomos testemunhando a morte de vizinhos, amigos e parentes próximos. Isso sem dúvida afetou a parte emocional de qualquer ser humano com algum grau de sensibilidade afetiva,  e começou a criar nas pessoas um modo diferente de enxergar a vida. Isso foi inevitável.

Quando as pessoas sentem de perto que aquilo tudo que estão presenciando também poderá acontecer com elas, começa a haver uma mudança no sentido da vida e passamos a encarar uma realidade que não enxergávamos antes. A realidade de que podemos morrer a qualquer momento, mesmo estando bem e com saúde.

Como uma experiência pessoal que eu gostaria de deixar aqui. Antes da pandemia, quando eu atendia as pessoas no consultório e dizia para elas que os seus exames estavam ótimos, que elas estavam com muita saúde e que poderiam voltar para fazer exames de rotina somente daqui a um ou dois anos, elas sentiam-se felizes e deixavam a impressão de estarem tranquilamente projetando uma vida futura longa e perto de 100 anos de idade.

Hoje, após a pandemia, eu tenho presenciado no consultório uma reação diferente das pessoas, após ouvirem que estão muito bem de saúde. Uma frase frequente que eu tenho ouvido: “que bom que eu estou bem para viver este momento, mas daqui a um ou dois anos eu não sei se estarei vivo. Doutor, se eu estiver vivo até lá, voltarei para fazermos novos exames de rotina”.

 

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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