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Avanços na restauração do envelhecimento muscular e do cérebro

Foto: Reprodução

Publicado em 05/03/2021

À medida que nós vamos envelhecendo, os nossos músculos vão atrofiando. O nosso cérebro vai sofrendo uma neurodegeneração e há um declínio cognitivo. A nossa memória já não fica tão eficiente quanto aquela que tínhamos quando éramos jovens.

A ciência médica tem dedicado muito estudo, pesquisando novos tratamentos na área do envelhecimento celular. A revista Nature e a revista Science publicaram recentemente dois interessantes estudos, um relacionado ao envelhecimento celular do cérebro de camundongos e o outro ao envelhecimento dos músculos de camundongos.

A proteína prostaglandina E2 parece ter um papel importante no envelhecimento. Os dois estudos basearam-se na prostaglandina E2 para avaliar o envelhecimento cerebral e o envelhecimento muscular de camundongos. Eles mostraram que a prostaglandina E2 pode ser importante em ambos os processos de envelhecimento e que os processos podem ser reversíveis.

No estudo que avaliou o envelhecimento dos músculos dos camundongos, a prostaglandina E2 foi capaz de regenerar o envelhecimento das células musculares. Durante o processo de envelhecimento, a atividade de uma enzima que causa a degradação da prostaglandina E2, aumenta progressivamente nos macrófagos dos músculos. Causando-se a inibição desta enzima nos macrófagos dos músculos de camundongos idosos, através de intervenções genéticas ou farmacológicas, observa-se um aumento dos níveis da prostaglandina E2 e uma restauração da idade dos músculos nos camundongos. Os músculos se tornam anatomicamente e funcionalmente iguais aos músculos de camundongos jovens.

Já nos macrófagos do cérebro dos camundongos, os níveis de prostaglandina E2 aumentam com a idade. Estudos recentes têm demonstrado de forma semelhante que, com o envelhecimento, esse aumento da prostaglandina E2 no cérebro dos camundongos causa uma inflamação das células nervosas no cérebro, e provoca um declínio cognitivo.

Os estudos demonstram que inibindo a atividade da prostaglandina E2 nas células cerebrais, através de intervenções farmacológicas ou genéticas, causa uma redução desta inflamação nas células nervosas cerebrais e uma reversão desse declínio cognitivo.

As proteínas sinápticas aumentam, a função mitocondrial melhora, a neuroinflamação é reduzida e os déficits de memória espacial que se desenvolvem em camundongos envelhecidos são revertidos.

Estes dois estudos demonstraram que há uma significativa influência da prostaglandina E2 no envelhecimento das células dos músculos e do cérebro dos camundongos. E que, a intervenção seja de forma genética ou farmacológica no nível das prostaglandinas E2, pode causar uma regeneração destas células e reverter o seu envelhecimento.

Que estes tratamentos se tornem realidade para os humanos muito em breve!

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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