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Em crescimento: tendência no uso de suplementos com biotina

Suplemento utilizado para cabelos e unhas, pode alterar resultados de exames de sangue (Foto: Reprodução)

Publicado em 19/08/2020

A revista JAMA do dia 11/08/2020 publicou um estudo que avaliou a tendência no uso diário de suplementos com biotina em adultos residentes nos Estados Unidos no período de 1999 a 2016.

Suplementos contendo biotina são vendidos em grande quantidade nos Estados Unidos, sem necessidade de receita médica. Doses tão altas quanto acima de 5 miligramas por dia, ou 166 vezes mais do que a recomendação diária de 30 microgramas por dia, estão amplamente disponíveis para venda nos Estados Unidos sem receita médica. Eles são comercializados com a propaganda de que possuem efeitos benéficos à saúde, tais como estimular o crescimento dos cabelos e das unhas.

O FDA, o órgão de controle de segurança na comercialização de medicamentos nos Estados Unidos, publicou um comunicado em 2017, alertando que o consumo de suplementos contendo altas doses de biotina, pode interferir na acurácia de exames de sangue nos testes de laboratório.

Para entender as implicações clínicas potenciais de suplementos contendo altas doses dessa substância, os autores do estudo caracterizaram a prevalência e tendências de uso em grupos que consumiam 1 miligrama de biotina por dia ou mais, e em grupos que consumiam 5 miligramas por dia ou mais, entre pessoas adultas residentes nos Estados Unidos no período de 1999 a 2016.

Foram escolhidas essas faixas de doses, porque doses abaixo de 1 miligrama por dia, muito provavelmente não chegam a interferir em exames de sangue de modo geral. A dosagem de 5 miligramas por dia ou mais foi estudada porque suplementos contendo biotina para tratamentos de crescimento dos cabelos e das unhas, normalmente contêm doses maiores do que 5 miligramas por dia.  

O número de participantes em cada ciclo de pesquisa variou de 4.580 a 6.145.

A prevalência geral conforme o relato dos participantes do estudo, no uso de 1 miligrama de biotina por dia ou mais, aumentou de 0,1% em 1999-2000 para 2,8% em 2015-2016. Este percentual refere-se ao número de pessoas que faziam uso de mais de 1 miligrama por dia, em relação ao número total de pessoas do grupo.

O uso de biotina na dose de 5 miligramas por dia ou mais não foi relatado por nenhuma pessoa antes de 2007-2008.

A prevalência geral de pessoas que consumiam 5 miligramas por dia ou mais, aumentou de 0,1% em 2007-2008 para 0,7% em 2015-2016. Aumentos mais notáveis na prevalência foram relatados por mulheres e por adultos acima de 60 anos de idade, tanto nos grupos que consumiam mais do que 1 miligrama por dia, quanto nos grupos que consumiam mais do que 5 miligramas por dia. Em 2015-2016, as prevalências para 1 miligrama por dia ou mais, e para 5 miligramas por dia ou mais, nas mulheres com mais de 60 anos, eram de 7,4% e 2,3% respectivamente.

Conclui-se que entre os anos de 1999 e 2016, nos Estados Unidos, houve um aumento considerável no consumo de biotina em doses diárias elevadas.    

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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