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O uso de contraceptivos orais e os riscos de câncer

Foto: Reprodução

Publicado em 12/02/2021

Alguns estudos mais antigos, mas não todos, encontraram associações entre o uso de contraceptivos orais e o risco de câncer de mama. Mas os resultados mostravam algumas divergências, talvez por estudar diferentes modos no uso dos contraceptivos orais, incluindo o tempo de uso e também as diferenças entre diagnóstico de câncer e mortalidade pela doença.

Um artigo publicado em dezembro de 2020 na revista Cancer Research, avaliou os efeitos dependentes do tempo de uso de contraceptivos orais, no aparecimento de câncer de mama, de ovário e de endométrio. O estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores da Suécia, que analisaram um grande banco de dados do Reino Unido para tentar esclarecer melhor como os contraceptivos orais afetam os riscos desses tipos de câncer.

Novos dados surgiram, os quais merecem a atenção dos pesquisadores e de todos nós. 

Um conceito comum em mulheres é de que o uso de contraceptivos hormonais pode aumentar o risco de câncer. Enquanto estudos recentes estão consistentemente encontrando dados que mostram que o uso de contraceptivos orais reduz os riscos de aparecimento de câncer de ovário e de endométrio, achados com relação ao risco de câncer de mama têm sido duvidosos e controversos.

Para avaliar as associações entre o uso de contraceptivos orais e os riscos destes três tipos de câncer, os investigadores usaram dados do UK Biobank o qual recrutou um grande grupo de mulheres entre 2006 e 2010, assim como de bancos de dados nacionais.

Avaliando mais de 250 mil mulheres nascidas entre 1939 e 1970, mais do que 80% fizeram uso ou estão atualmente usando contraceptivos orais. Em análises ajustadas para 10 parâmetros, as mulheres que sempre usaram anticoncepcionais orais tiveram riscos significativamente mais baixos para câncer de ovário e câncer de endométrio quando comparadas com as mulheres que nunca usaram contraceptivos orais. Mas esta associação não correspondeu dessa forma para o câncer de mama.

Nas análises de mulheres em diferentes idades de acompanhamento, as mulheres que sempre usaram contraceptivos orais nas idades de 35, 50, 55 e 60 anos, tiveram mais baixos riscos para os dois cânceres ginecológicos, mas um discreto, todavia significativamente mais alto risco para o câncer de mama. O aumento da duração do uso do contraceptivo oral foi associado com uma maior prevenção do câncer de ovário e particularmente do câncer de endométrio, do que o não uso de contraceptivos orais.

Contudo, o risco de câncer de mama foi similar entre os grupos que nunca usaram e os que usaram a longo prazo.

Resumindo os novos dados encontrados pelos pesquisadores, o uso prolongado de contraceptivos orais reduziu o risco de câncer de ovário e de câncer de endométrio, porém, parece aumentar discretamente o risco de câncer de mama.

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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