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Pacientes com Alzheimer: especialista explica como identificar e tratar

Doença não tem cura e está entre as condições que exigem tratamento constante para garantir qualidade de vida dos pacientes (foto: Reprodução)

Publicado em 26/02/2021

O Alzheimer é uma das doenças lembradas neste mês, conhecido como o Fevereiro Roxo, criado com a meta de lembrar da importância de cuidar destes pacientes, garantindo a sua qualidade de vida. Trata-se de uma doença incurável, que se caracteriza pela pelo declínio da capacidade cognitiva, principalmente da memória, e que afeta toda a família. 

O Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), em Florianópolis, tem um papel importante na cadeia de cuidado de pacientes com Alzheimer. O hospital conta com um ambulatório de Neuropsiquiatria Geriátrica, que oferece atendimento especializado em demências, incluindo a doença de Alzheimer. O ambulatório faz parte do Serviço de Neurologia e conta com neurologista e psiquiatra.

De acordo com o professor voluntário e neurologista Eduardo de Novaes Costa Bergamaschi, a doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência no mundo, e se caracteriza clinicamente por declínio lentamente progressivo de habilidades cognitivas, principalmente da memória, prejudicando a capacidade do indivíduo realizar suas atividades cotidianas. “Geralmente se inicia por problemas de memória (como esquecimento, dificuldade em gravar informações, repetir muitas vezes as mesmas coisas), mas com o tempo é comum surgirem outras dificuldades: problemas comportamentais, depressão, alterações da compreensão, dificuldade para reconhecer familiares”, explicou o médico.

Segundo ele, a causa exata da doença de Alzheimer não é conhecida. Fisiopatologicamente, a doença se caracteriza pelo acúmulo anormal de certas proteínas no cérebro: beta-amiloide e tau. “No entanto, não se sabe o que causa esse acúmulo”, acrescentou. De acordo com o médico, os principais sintomas são problemas de memória (esquecimento, dificuldade para gravar informações novas, perguntas repetitivas, esquecer coisas que as pessoas falam, esquecer compromissos, não saber qual é a data de hoje, entre outros), dificuldade para encontrar palavras, sintomas depressivos (principalmente quando se iniciam em idosos), alterações de habilidades visuoespaciais (se perder facilmente, não conseguir encontrar cômodos da própria casa, dificuldade para reconhecer objetos, não reconhecer familiares), problemas de comportamento (irritabilidade, agitação), dificuldades para dormir (inversão do ciclo sono vigília, insônia, agitação durante a noite), alucinações e delírios (ocorrem em fases avançadas da doença).

Conforme o profissional, os sintomas levam a um comprometimento progressivo da funcionalidade do indivíduo, podendo chegar a um ponto em que ele fica dependente até mesmo para higiene pessoal e se alimentar, nas fases mais avançadas. O diagnóstico é feito através da avaliação médica, em que são identificados sintomas e sinais sugestivos da doença. Exames complementares podem ajudar a reforçar o diagnóstico, como os exames de imagem cerebral. Os exames de imagem e exames laboratoriais são importantes para excluir outras causas que podem se confundir com a doença de Alzheimer. Os achados dos exames complementares devem sempre ser considerados dentro do contexto clínico; nenhum achado de exame complementar isoladamente confirma definitivamente doença de Alzheimer.

O médico explicou que algumas medicações demonstraram benefício para reduzir a velocidade com que as alterações cognitivas da doença de Alzheimer progridem. “Além disso, alguns sintomas comportamentais podem necessitar de tratamento medicamentoso. Também são muito importantes medidas não farmacológicas para permitir que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida e consiga conviver da melhor forma possível com as limitações causadas pela doença”. Um exemplo dessas medidas não farmacológicas é a educação de familiares e cuidadores sobre a doença. Infelizmente, até o momento nenhum tratamento mostrou-se eficaz para curar, prevenir ou impedir a progressão da doença de Alzheimer, mas há muitos estudos em andamento sobre o assunto.

No caso de pessoas da família que identificam algum destes sintomas em parentes, o mais indicado é levar a pessoa que demonstra algum desses sinais a atendimento médico, para que se possa fazer o diagnóstico correto e, eventualmente, indicar o tratamento mais apropriado. “Algumas medidas parecem ajudar a prevenir o desenvolvimento de demência causada pela doença de Alzheimer, principalmente medidas associadas à promoção de um estilo de vida saudável: atividade física, dieta saudável (a dieta mediterrânea parece ser a com melhor benefício), tratamento de fatores de risco para doenças cardiovasculares (hipertensão, diabetes)”, acrescentou Bergamaschi, lembrando que sempre que necessário, o importante é procurar um médico para que seja feito o diagnóstico e o tratamento adequado.

Da redação

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