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Pressão arterial: a monitoração à noite e durante o sono e o risco de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral

Foto: Reprodução

Publicado em 06/11/2020

Já é bem conhecido de todos nós, que as medidas da pressão arterial realizadas fora do ambiente hospitalar ou do consultório médico, são melhores preditores de eventos cardiovasculares do que o controle da pressão arterial realizado dentro de um consultório ou hospital.

É mais confiável e útil conhecermos o comportamento da pressão arterial de um indivíduo durante o seu período de trabalho ou durante o período de sono, do que em um momento de tensão dentro de um consultório médico. O estudo JAMP (Japan Ambulatory Blood Pressure Monitoring Prospective), publicado na revista Circulation no dia 2 deste mês de novembro, avaliou grupos de pessoas em diversos centros de estudo, monitorando a pressão arterial durante o dia, durante a noite e durante o sono. Estudou o comportamento da pressão arterial de cada indivíduo nessas diferentes situações e acompanhou a taxa de ocorrência de eventos cardiovasculares, inclusive insuficiência cardíaca, nos pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica que foram incluídos no estudo.

Todos os pacientes realizaram uma MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial) no início do acompanhamento e eles foram acompanhados anualmente para determinar a ocorrência de eventos cardiovasculares (doença cardiovascular aterosclerótica e insuficiência cardíaca).

Um total de 6.359 pacientes com uma média de idade de 68,6 +/- 11,7 anos, 48% homens, foram incluídos na análise final do estudo. Durante um período de acompanhamento médio de 4,5 +/- 2,4 anos, aconteceram 306 eventos cardiovasculares (119 AVCs, 99 eventos isquêmicos do músculo cardíaco e 88 casos de insuficiência cardíaca). A pressão arterial sistólica noturna foi significativamente associada com risco de doença cardiovascular aterosclerótica e insuficiência cardíaca. O ritmo circadiano alterado da pressão arterial (ausência do descenso noturno) foi significativamente associado com um risco aumentado de doença cardiovascular em geral.

A conclusão dos autores do estudo foi de que os níveis de pressão arterial durante a noite e uma ausência de descenso noturno da pressão arterial, foram independentemente associados com a taxa de eventos cardiovasculares, em especial com insuficiência cardíaca. Estes achados sugerem a importância de estratégias de tratamento da hipertensão arterial visando o controle da pressão arterial sistólica noturna.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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