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O Dão é uma das regiões mais tradicionais na cultura do vinho
É também o berço da Touriga Nacional, a mais clássica variedade da uva portuguesa

A região do Dão é linda, bucólica, com pequenas vilas e as grandes serras em volta, comenta o sommelier (foto:Arquivo pessoal)

Publicado em 30/03/2024

O Dão é uma região Portuguesa super tradicional, a primeira demarcada para vinhos não fortificados, já em 1908. Está localizada no centro-norte de Portugal, e esse terroir é muito bem protegido por algumas serras importantes, como a Serra da Estrela, do Caramulo, do Buçaco e Serra da Nave. Elas formam uma barreira para a umidade litorânea ou os ventos quentes que vem do continente, pelo lado da Espanha.

Na região do Dão há cerca de 14 mil hectares de vinhedos em solos pobres, graníticos e xistosos, em altitudes que chegam a 800 metros, mas que em média ficam entre 400-500 metros.

Rios importantes também passam pela região, como o Rio Dão, o Rio Mondego e o Rio Alva, cortando todo esse granito e formando vales e encostas. A precipitação no local é alta, e na média chove cerca de 1200 mm por ano. A boa notícia é que pelo menos essa chuva é mais concentrada no inverno, que também é muito frio, e com neve frequente principalmente no topo das serras. As estações são bem marcadas. O verão é quente, e as temperaturas passam dos 30 graus. Isso dá características bem continentais à região.

As diferentes altitudes, exposições e microclimas trazem uma ampla diversidade de terroir, e com isso o Dão produz tintos, brancos, rosés e espumantes das mais variadas qualidades e estilos. Mas, sempre com uma elegância ímpar. Em função disso, o Dão é conhecido como a "Borgonha" portuguesa, aliás, essa foi uma denominação feita por um francês décadas atrás .

No Século XIX, uma grande parte dos vinhos do Dão ia pra França, e claro também para o Brasil. Nessa época a região passou por um período conturbado por mais de meio século, valorizando quantidade em vez de qualidade. Hoje em dia, com a qualidade valorizada, e visível em dezenas de excelentes produtores, a região tem alcançando novamente notas altas no mercado internacional.

Muitas vinhas velhas, algumas com mais de 100 anos, plantadas em lote, ou seja, com as uvas misturadas entre as variedades incluindo tintas e brancas, oferecem uma matéria prima sensacional aos produtores. As principais uvas tintas são: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen que é a mais plantada, Rufete ou Tinta Pinheira, Trincadeira entre tantas outras. 

As brancas são incríveis, e a Encruzado é uma das minhas preferidas, gerando vinhos intensos, longevos e elegantes que inclusive são aptos ao amadurecimento em barricas de carvalho, fazendo com que muitos amantes dos Borgonhas brancos corram para conhecer os brancos do Dão. Além da Encruzado, também temos Bical, Cerceal, Malvasia Fina e Arinto, por ex. Esse blend entre elas forma vinhos incríveis e muito equilibrados.

A capital Viseu é uma cidade incrível, organizada, com boa gastronomia e onde se localiza a Comissão Vitivinícola Regional do Dão
A paisagem é linda, bucólica, com pequenas vilas e as grandes serras em volta. E a Serra da Estrela produz o mais famoso queijo português. 

Alguns dos meus produtores portugueses favoritos estão lá, e também já estão disponíveis no Brasil, como o genial Antônio Madeira, o emergente Nuno Mira do Ó, Casa da Passarela e Dirk Niepoort com seu projeto local.

Se você curte vinhos elegantes e gastronômicos, o Dão é o lugar certo!

Texto pelo certified sommelier  Eduardo Araújo

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Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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