Festival de Cannes começa hoje e Brasil é o grande destaque
A 78ª. Edição de um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo começa hoje na pequena cidade da Côte D´Azur francesa

Criado em 1946, o Festival de Cannes é um acontecimento no mundo cinematográfico. Ao lado de Veneza e Berlim, ele forma a tríade dos festivais europeus que ditam as tendências e orientam o mercado para a próxima temporada. E o Brasil nunca esteve tão em alta. Um pouco reflexo do arrebatador sucesso mundial de “Ainda Estou Aqui”; outro tanto pelo Brasil ter levado o Urso de Prata em Berlim com o “Último Azul”, de Gabriel Mascaro; e muito dessa ascensão brasileira se deve também aos investimentos e avanços notáveis de qualidade que o cinema nacional tem alcançado nos últimos anos.
Neste ano de 2025, Brasil é o país da vez. Na mostra competitiva, onde há 22 filmes na disputa pela Palma de Ouro deste ano, a obra inédita de Kleber Mendonça Filho, “O Agente Secreto”, que tem Wagner Moura no elenco, é um dos fortes candidatos. Paralelamente, o Brasil é o convidado de honra do Marché du Film (Mercado do Filme), onde acontece a feira, negociações e exposições de todos os lançamentos, para toda a cadeia de mercado: produtores, exibidores e distribuidores.
Foi preparada uma vasta programação para mostrar o dinamismo da indústria cinematográfica brasileira. Durante o evento, o Brasil será representado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes e por várias instituições dentro do Palais des Festivals, que servirá como um ponto central para relacionamento, reuniões de negócios e encontros estratégicos da indústria. A participação do Brasil no Marché du Film também se alinha com a Saison Brésil-France (Temporada Brasil-França), uma iniciativa de intercâmbio cultural que celebra o 200º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países.
O cinema brasileiro marca ainda presença nas mostras Cannes Classics, Quinzenas dos Realizadores e Semana da Crítica. Mariana Brennand, uma diretora pernambucana, vai receber o prêmio Woman in Motion.
No Cannes Classic, o Brasil estará presente com uma bela homenagem ao cineasta Cacá Diegues, morto no ano passado. O documentário "Para Vigo Me Voy", sobre a vida de um dos idealizadores do Cinema Novo e várias vezes selecionado em Cannes, será exibido na segunda-feira (19). O filme é dirigido por Lirio Ferreira e Karen Harley. O documentário conta com a participação de Antonio Pitanga e Renata Magalhães, além de entrevistas com Cacá Diegues.
Primeira noite com estreia, glamour e sem nudez
O festival mais badalado do mundo começou com regras claras: está proibido o nu nos looks dos famosos. O comunicado distribuído amplamente no último final de semana ferveu os bastidores. Cannes também observou que "roupas volumosas, em particular aquelas com cauda grande, que dificultam o fluxo adequado de visitantes e complicam a acomodação dos assentos no teatro, não são permitidas".
Ainda assim, celebridades como Bella Hadid, Naomi Campbell e Kendall Jenner frequentemente exibem pele no festival da Riviera Francesa, e as políticas de vestimenta têm sido desrespeitadas por celebridades há muito tempo.
Nesta edição, a comédia musical "Partir un Jour" (Ir embora um dia), primeiro longa-metragem da jovem cineasta francesa Amélie Bonnin, será exibido na cerimônia de abertura na noite desta terça-feira, fora da competição. Um sinal de que o maior festival de cinema do mundo acolhe de braços abertos as novas gerações.
O tapete vermelho de hoje estará bem prestigiado. Além da equipe de "Partir un Jour" e de celebridades internacionais, o veterano ator, diretor e produtor americano, Robert De Niro, receberá uma Palma de Ouro de Honra pelo conjunto de sua carreira. E Nicole Kidman vai receber o prêmio Women in Motion, que reconhece artistas femininas que promovem o lugar das mulheres no cinema e na sociedade. Isso sem contar o glamour do júri, que tem como presidente desta edição a atriz francesa Juliette Binoche, além de vários atores e diretores consagrados, como a americana Halle Berry.
O Festival de Cannes começa hoje e vai até o dia 24 de maio, quando acontece a Cerimônia de Encerramento e o grande anúncio dos premiados.
Florianópolis representada em Cannes
O empresário Felipe Didoné, diretor do Paradigma Cine Arte, em Florianópolis, está em Cannes a partir de hoje para participar do Marché du Film e acompanhar a exibição inédita dos filmes. Além de pesquisar os principais títulos e tendências que farão em breve parte da programação do seu cinema na SC-401, Didoné vai lançar sua nova distribuidora, a Autoral Filmes, que já fez duas grandes aquisições para o seu catálogo e em breve divulga o calendário nacional de lançamento destes títulos.
Para saber mais sobre o filme brasileiro:
"O Agente Secreto" é o quarto filme de Kleber Mendonça Filho selecionado em Cannes. Em 2019, o cineasta pernambucano levou o Prêmio do Júri com "Bacurau", codirigido por Juliano Dornelles.
Estrelado por Wagner Moura, "O Agente Secreto" se passa em Recife em 1977 e explora as tensões políticas da época da Ditadura Militar Brasileira. No elenco estão ainda o ator alemão Udo Kier, que já atuou em Bacurau, e Maria Fernanda Cândido.
Para a conceituada revista Cahiers du Cinéma, "O Agente Secreto" é um dos filmes mais esperados desta competição. O crítico Thierry Mérange escreve que o sexto longa-metragem do cineasta pernambucano se passa em Recife, como a maioria dos outros filmes de Kleber Mendonça Filho, e mistura um relato intimista com uma história de espionagem em plena Ditadura Militar e a fuga de um professor durante o Carnaval.
Veja a Seleção Oficial do Festival de Cannes 2025:
“O Agente Secreto“, de Kleber Mendonça Filho
“Eddington”, de Ari Aster
“The History of Sound“, de Oliver Hermanus
“Nouvelle Vague”, de Richard Linklater
“In Simple Accident”, de Jafar Panahi
“O Esquema no Fenício“, de Wes Anderson
“After”, de Oliver Laxe
“Alpha”, de Julia Ducournau
“Romeria”, de Carla Simon
“Sirat”, de Oliver Laxe
“Eagles of the Republic”, de Tarik Saleh
“Jeunes Mères”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne
“Fiori”, de Mario Martone
“The Sound of Falling”, de Marcha Schilinki
“Two Prosecutors”, de Sergei Loznitsa
“Renoir”, de Chie Hayakawa
“Dossier 137”, de Dominik Moll
“Sentimental Value”, de Joachim Trier
“La Petite Dernière”, de Hafsia Herzi
“The Mastermind”, de Kelly Reichardt
“Die My Love”, de Lynne Ramsay
“Woman and Child”, de Saeed Roustaee
Para ler outras matérias da jornalista Karin Verzbickas clique AQUI
Para voltar à capa do Portal o (home) clique AQUI
Para receber nossas notícias, clique AQUI e faça parte do Grupo de WHATS do Imagem da Ilha.
Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!
Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp
Comentários via Whats: (48) 99162 8045
Sobre o autor

Karin Verzbickas
Jornalista conhecida por suas resenhas de filmes no Jornal Imagem da Ilha
Ver outros artigos escritos?
