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Crianças em casa: especialista alerta para perigos da internet em tempos de pandemia

Mesmo com a falta de tempo e correria do dia a dia, é fundamental que os pais realizem algum tipo de supervisão das rotinas digitais dos filhos (Foto: Reprodução)

Publicado em 04/05/2020

 

Num mundo em que as pessoas já permaneciam cada vez mais tempo conectadas, o distanciamento social provocado por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus arrastou ainda mais toda a família para o mundo virtual. Adultos em home-office e crianças, que agora precisam do ambiente online para continuarem estudando, se tornaram muito mais dependentes da internet do que antes.

Esse novo contexto acaba sendo um estímulo a mais para pedófilos agirem, tirando proveito do fato de que muitas crianças e adolescentes – conectados – estarão mais expostos às interações e investidas. Na Europa, um relatório do Serviço Europeu de Polícia (Europol), publicado no início de abril, já mostrou preocupação com o aumento do abuso sexual infantil online em países afetados pela pandemia.

O Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (NCMEC), com sede nos EUA, possui um serviço de rastreamento mundial para detectar possíveis atividades que estejam relacionadas ao abuso infantil. Em março deste ano, o NCMEC recebeu mais de 2 milhões de notificações com materiais dessa natureza, mais que o dobro do número relatado em março de 2019. Para a advogada especialista em Direito Digital e Cyber Segurança, Patrícia Peck, a preocupação também se aplica à nossa realidade brasileira, já que criminosos e quadrilhas especializadas nesse tipo de ação já atuavam em nosso país antes da pandemia. Agora a situação pode se agravar. 

Pais que estão sobrecarregados com uma rotina de trabalho em home-office e tendo que dar conta de atender às demandas domésticas e dos filhos fora da escola, não podem descuidar nesse sentido. “Apesar da falta de tempo e correria do dia a dia, é fundamental que os pais possam realizar algum tipo de supervisão das rotinas digitais dos filhos. Isso envolve dialogar para saber com quem estão conversando ou interagindo no ambiente virtual e, até mesmo, sentar junto para olhar os dispositivos dos filhos e acompanhar a navegação. Mesmo que seja por 30 minutos”, explica Peck.

No caso de crianças menores de 12 anos, a especialista salienta que os pais também podem usar algum tipo de software de controle parental, para ajudar no monitoramento. E além disso, conversar para conscientizar também contribui bastante para a prevenção. “Outra dica é sempre deixar bem estabelecidos alguns limites sobre sites, com quem os filhos podem falar ou adicionar na web, nos aplicativos, definir horários e tempo de uso. E deixar claro para os filhos que se houver uma abordagem pedindo foto ou vídeo da criança ou adolescente, para não enviarem nada e avisarem os pais imediatamente”, destaca.

Os pais também devem ficar atentos aos sinais que a criança dá. “Filhos que não deixam o pai ou mãe chegarem perto de seus dispositivos (celular, tablet ou computador) ou que encerram bruscamente conversas quando os pais se aproximam exigem atenção redobrada. Fique atento também a comportamentos como mudança de humor e estados de reclusão, tristeza ou agressividade. Tudo isso pode ser um sinal de que a criança está sofrendo algum assédio”, afirma a advogada.

Peck alerta também para o aumento da prática de cyberbulling durante esse período. “O isolamento social estimulou o convívio digital e trouxe mais ansiedade para todos, o que significa que os comportamentos podem tender a situações como depressão, excesso de exposição ou mesmo agressão. E tudo que ocorre no ambiente virtual fica registrado. Há notícias também de disseminação de fake news. Os pais precisam ficar atentos e, em casos de ocorrências do tipo, agirem com ética e sempre dentro da lei”, ressalta. 

Da redação