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Maria Zilene e seu desafio de 70 km em 7 dias
Catarinense transforma o aniversário em um marco de resistência e inspiração

Aos 70 anos, Maria Zilene Cardoso propõe a si mesma e à comunidade um desafio de resistência e celebração: 70 km em 7 dias, com largada às 6h na Beira-Mar Continental. (Foto: LLCom/Divulgação)

Publicado em 13/05/2025

Sete décadas, sete dias, 70 km. Esse é o presente que a catarinense Maria Zilene Cardoso escolheu dar a si mesma — e compartilhar com todos ao seu redor. Ao completar 70 anos, ela lança o projeto-desafio “70 anos: 70 km em 7 dias”, convidando amigos, atletas e admiradores para acompanhá-la entre os dias 14 e 21 de maio, sempre com largada às 6h da manhã, no Bolsão da Beira-Mar Continental, em Florianópolis. A mobilização já conta com mais de 50 participantes confirmados.

“Esse projeto é mais do que um desafio físico. É um manifesto pessoal sobre envelhecimento ativo, conexão entre corpo e mente e superação de limites”, declara Zilene, que completa seus 70 anos no próximo dia 24 de maio.

A proposta parece simples: 10 km por dia. Mas quem já tentou manter esse ritmo sabe que a verdadeira resistência mora na constância. “É quando a mente precisa ser mais forte”, reflete ela, com o olhar de quem já atravessou desertos — literalmente.

Uma vida antes do esporte

Zilene não nasceu atleta. Até os 55 anos, nunca tinha praticado esportes. Era professora em três turnos, depois gestora nas áreas da educação, cultura e tecnologia do Estado — uma rotina tão exaustiva que lhe causou crises de labirintite e visitas frequentes à emergência. O corpo pediu socorro — e ela ouviu.

Começou devagar, com caminhadas, corridas, musculação. Nunca mais parou.

Hoje, acumula mais de 30 troféus, centenas de medalhas e um currículo com maratonas internacionais em Buenos Aires, Lisboa, Montevidéu, Santiago e até no Deserto do Atacama. Para manter o preparo físico, Zilene acorda às 4h30, três vezes por semana, e corre 17 km. Nos outros dias, intercala com treinos na academia e caminhadas.

“Precisei ajustar o horário para evitar o sol direto, já que no ano passado enfrentei um câncer de pele”, conta. E mesmo após médicos a alertarem que não poderia mais correr, por conta de lesões acumuladas, ela respondeu com aquilo que melhor sabe fazer: persistir. E voltou a subir ao pódio.

Em 2022, Zilene conquistou o 3º lugar na meia-maratona do Deserto do Atacama, enfrentando ar rarefeito e calor extremo nos 23 km da prova, que ela define como a mais dura de todas.

Mas foi em Bombinhas que se superou: na exigente INDOMIT Trail Run, concluiu os 42 km entre trilhas, costões e areia em 8 horas, e garantiu o 2º lugar na categoria. “Me orgulho muito, pois tive que manter a mente firme para lidar com o corpo no limite”, recorda.

Além das corridas, Zilene abraçou as caminhadas de longa distância, onde, segundo ela, há outro tipo de entrega. “A corrida me satisfaz na adrenalina e ajuda a ordenar as ideias. Já caminhar é mergulhar nos detalhes: os aromas, as paisagens... É onde ‘estico as asas’ do corpo e do olhar”.

Em 2023, ela conquistou uma meta ousada: completou os 261 km da Rota Romântica, na Alemanha, em 15 dias, e emendou com o Caminho de Santiago, na Espanha, percorrendo 832 km em 33 dias consecutivos, com uma média de 25 km por dia.

“As emoções são indescritíveis. O cansaço físico chega num ponto em que já não há como piorar. O importante é não desistir. Com o tempo, as dores diminuem. O corpo entende que você vai chegar lá”, compartilha.

Sua mais recente jornada foi pela Rota dos Tropeiros, de Lages até Florianópolis, com 197 km percorridos em nove dias. O trajeto recria um pedaço da história do século XVIII e une memória, geografia e resistência física. “Foi um caminho lindo, com frio, calor, aclives e declives. Uma verdadeira imersão na história catarinense”, diz Zilene, que também é historiadora e autora de livros sobre o passado do estado.

Muito além dos quilômetros

Mesmo aposentada, sua agenda continua intensa. Atua de forma voluntária na ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos de Santiago de Compostela), participa de corais, eventos sociais, dá palestras e ainda cuida da família.

Para a comemoração dos 70 anos, ela criou camisetas com a frase que define seu espírito:

“Desbravar os desafios do desconhecido com a leveza que só o tempo nos oferece.”

O local escolhido para o desafio, o Bolsão da Beira-Mar Continental, leva hoje o nome de Fernando Bainha, esportista e amigo querido de Zilene, falecido em 2020. A homenagem só foi possível graças ao empenho dela, com o apoio da vereadora Tânia Ramos.

 

Ex-professora e gestora pública, Zilene descobriu o esporte aos 55 anos e nunca mais parou.

 

 

Uma mensagem para todas as idades

Zilene encerra com uma lição que reverbera muito além das pistas e trilhas:

“Os anos me tornaram resiliente, persistente e lutadora constante para estabelecer novos desafios no meu cotidiano. Por isso, meu maior estímulo é seguir caminhando e correndo até o fim. Ter mobilidade para viver intensamente, conhecer novos lugares e culturas diferentes. Mostrar que podemos enfrentar as dificuldades físicas e ainda realizar sonhos — isso não pode deixar de existir.”

 

 

 

Da redação

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